O peso das versões
Escrever sobre sentimentos
quando o único que conheço é a tristeza
é como escrever sobre alguém
sem nunca ter me encontrado.
Gostar de gatos não me faz saber deles,
assim como falar de patos
não me torna íntima de seus lagos.
Na adolescência,
se eu não soubesse o nome de tal baterista
seria chamada de poser —
adolescentes falham,
tropeçam em sua tolice.
Às vezes digo que amo um prato,
mas na verdade
meu estômago é uma bomba relógio,
minha ansiedade mastiga mais do que eu,
meu corpo engole remédios
enquanto minha mente engole silêncio.
Sou 8 ou 80.
E essa gangorra me cansa.
A bipolaridade é a única certeza,
os outros diagnósticos ainda esperam
atrás de portas fechadas.
Muitos querem ser diferentes.
Eu só queria ser normal —
caber num padrão qualquer,
ser um rosto comum,
não ver olhares estranhos
quando a minha diferença
fala mais alto que eu.

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